COMO SER TUGA - LIÇÃO Nº 4

Desta vez, irei abordar a fascinante relação que os tugas têm com o futebol. Para os tugas, pelo menos a maioria deles, ir ver um jogo de futebol ao estádio é exorcizar uma semana inteira de nervos reprimidos por causa do chefe que é uma seca, a mulher que é uma chata e os filhos que só dão dores de cabeça.
Os tunas gostam de futebol, porque nos estádios, o que interessa não é o jogo em si, mas gritar aos berros insultos à equipa de arbitragem e aos jogadores da equipa visitante.
Um tuga num estádio de futebol sente-se verdadeiramente feliz, quando pode passar uma hora e meia a gritar palavrões obscenos, normalmente levantando dúvidas sobre a actividade das mães dos árbitros e dos jogadores da outra equipa que cometem faltas ou que marcam golos à equipa da qual são fãs.
Ir ao futebol com os amigos, perspectiva uma tarde ou noite bem passada a beber uns copos, insultar os demais e com sorte, dar porrada num ou noutro adepto da equipa contrária que tenha o azar de se cruzar com eles.
Um verdadeiro tuga, tem de gostar de futebol, gostar de ver 22 gajos correrem atrás duma bola e mais 3 a mandarem palpites…
Um verdadeiro tuga, compra ou tenta ler, todos os dias, um jornal desportivo e sabe de cor os nomes dos jogadores do seu clube do coração (isso é sagradinho…).
Um verdadeiro tuga, sabe que ao fim de semana “vai ver a bola” ou junta os amigos em casa para verem o desafio, no meio de muita cerveja, cigarros uns atrás dos outros, tremoços q.b, e as mulheres e filhos de preferência no centro comercial mais próximo, para não chatearem muito.
Outra alternativa do agrado dos tugas, quando vão ver um jogo de futebol ao estádio, é deixarem as suas mulheres no carro com os filhos, assim sempre evitam que as caras-metades gastem dinheiro nos centros comerciais e ainda com outra vantagem: elas tomam conta do carro, o que evita riscos de adeptos dos outros clubes, porque é certo e sabido que os tugas gostam de ter nos seus carros cachecóis, bandeirinhas, bonecos ou bandeiras dos seus clubes (sem falar nas belas almofadas de renda, nos tapetes felpudos junto ao vidro de trás, nos cães que abanam a cabeça e nos sempre apreciados crucifixos nos espelhos retrovisores).
Outro comportamento típico dos tugas, é quando o seu clube ganha alguma prova, nem que seja a feijões, juntarem-se todos num local emblemático das cidades onde vivem e abraçarem-se, serem todos amigos, pularem, gritarem frases de incentivo ao seu clube., sempre na base do “todos ao molhoe fé em Deus”, procurando avidamente uma câmara de televisão para se porem em frente a ela a cuspirem o infeliz do jornalista que faz a cobertura do acontecimento, fazendo-o respirar aqueles hálitos a vinhaça ou cerveja…
Claro que neste folclore clubístico há sempre aqueles tugas cujo bom gosto os faz exibir orgulhosos carros, motas, tractores e bicicletas totalmente enfeitados com as cores do seu clube, ou vestirem desgraçados cães com mini camisolas e bonés…
Ser tuga é realmente uma arte, que merece ser observada, acarinhada e seguida com atenção…