Duas mil pessoas iniciaram às 14h00 de hoje, em Lisboa, uma marcha entre a Maternidade Alfredo da Costa e a Fonte Luminosa, na Alameda D. Afonso Henriques, em defesa do "não" no referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. A denominada "Caminhada pela Vida" é encabeçada por figuras públicas como o presidente do CDS-PP, José Ribeiro e Castro, os ex-ministros das Finanças Ernâni Lopes e Bagão Félix, a vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Maria José Nogueira Pinto e a fadista Kátia Guerreiro. Os manifestantes, que a polícia estima serem cerca de dois mil, empunham bandeiras cor-de-rosa e cartazes com apelos ao "não" no referendo de 11 de Fevereiro. "Caminhada pela Vida" dividida em sete fases A "Caminhada pela Vida" até à Fonte Luminosa percorre um trajecto dividido em sete fases, que pretendem simbolizar cada uma das etapas da vida. Os manifestantes entoam palavras de ordem como "A vida é bela, não podemos dar cabo dela" ou "Abortar por opção quando bate um coração, não".
Notícia retirada do Site PÚBLICO.PT
COMENTÁRIO: este número de 2.000 pessoas, peca por escasso, face às imagens da Caminhada pela Vida e de acordo com as pessoas que assistiram a esta demonstração da mobilização que os Movimentos pelo NÃO conseguem ter.
No Blog PELA VIDA, podemos ver outros números, mais verdadeiros e por isso mesmo mais incómodos para os defensores do SIM; passo a transcrever o que lá vem relatado:
"Segundo a organização, estiveram presentes 25 mil pessoas.Segundo a Polícia, foram 12 mil manifestantes.
Aguardamos os números - bem calculados, a olho e tudo...! - do Bloco de Esquerda e afins."
4 comentários:
Pois é... custa-lhes muito admitir a verdade do que aconteceu!!!
E temos de ter em conta, pessoas como eu que não pude ir mas estive lá em pensamento!
Vote-se sim ou não que se vote com consciencia e não porque dá jeito.
beijinho
Um abraço, já sabes a minha opnião.
DIZ QUE NÃO!… Se acreditas que a vida humana não tem prazo de validade e se queres forçar os outros a acreditar no que acreditas e os queres obrigar a ter filhos contra a sua vontade.
2. DIZ QUE NÃO! … Se acreditas que o aborto não é solução para as mulheres, mas achas que o aborto clandestino é.
3. DIZ QUE NÃO! … Se acreditas que a questão do aborto não deve ser um instrumento de guerras partidárias, porque a demagogia e os argumentos acessórios parece que reforçam a razão da opinião, (vá-se lá saber porquê?).
4. DIZ QUE NÃO! … Se acreditas que a vida tem tanto valor às 10 semanas como às 11, ou às 20, ou ainda aos 2 anos, aos 25 ou aos 75 anos, porque parece que lançar questões de natureza moral e filosófica para a discussão provoca paixões acessas e dipersa da questão central.
5. DIZ QUE NÃO! … Se acreditas que o aborto não é um método contraceptivo. Claro que se disseres SIM isto não deixa de ser verdade. Mas diz que Não. E continua na dormência do engano a acreditar que ficando tudo como está, estás a proteger vidas.
A questão, e julgo que isto é já ponto assente, há muito que deixou de ser "eu sou contra o aborto" vs "eu sou a favor do aborto". Penso que, excepções à parte, não há ninguém que seja a favor do aborto e que não fique sensibilizado pelo facto de inviabilizar um feto.
Uns dirão que mais do que um feto é uma vida/um ser/uma criança, e aí começa uma outra discussão sobre se às 10 semanas existe vida ou não. Onde começa a vida? Sabe-se que, medicamente não existe consciência/actividade cerebral às 10 semanas. Para decidir o óbito a cessação da actividade cerebral é o ponto de referência. Mas o inicio da vida eu posso considerar que tem lugar quando bate o coração ou até na fecundação. Mas, mais uma vez, à boa maneira portuguesa de discutir tudo, dispersar e acabar por não discutir nada, estaríamos a divagar ao entrar nessas questões que, sendo pouco sustentadas quer pelo Sim quer pelo Não, invariavelmente caem no campo religioso/filosófico, e claro está, torna-se difícil obter um consenso.
Se reparem, a questão que temos que responder no referendo daqui a um mês não é bem esta. Esta e outras interrogações que, naturalmente, pela sua pertinência, possam surgir em torno do tema, são interrogações de sempre, mas não devem ser chamadas a este referendo.
Quais devem ser então as questões em causa na hora de deliberar sobre a posição a tomar? Por outras palavras, o estado quer saber se concordamos que as mulheres deixem de a ir a tribunal («Concorda com a despenalização…»), se nos importamos com o risco de vida e com as condições a que são sujeitas as mulheres que recorrem ou são empurradas a fazer um aborto («em estabelecimento de saúde») e se queremos acabar com a clandestinidade («legalmente autorizado»). Sim/Não. Nada mais.
Depois, temos ainda que nos interrogar: a actual lei protege a vida?
Em primeiro lugar não protege a vida das mulheres. O que, convenhamos, resulta nalguma incoerência. É, supostamente, uma lei “pró-vida” para o fetos e “pró-risco-de-vida” para as mulheres.
Mas será mesmo “pró-vida” para o feto? Na minha opinião não. E passo a explicar:
- Bem sabemos que quando alguém faz um aborto está completamente sozinha neste acto. Ou pior ainda poderá estar a ser empurrada ou encorajada. Porque o faz em segredo não tem ninguém para a dissuadir. Não é com certeza a parteira de vão de escada e o médico, que vão lucrar com o aborto, que lhe vão dizer – “Olhe veja lá, não acha melhor ponderar, as consequências são estas estas e estas, tanto a nível físico como psicológico”. Ao mesmo tempo não existe ninguém que garanta apoio social se o motivo for carência económica.
- Somente mudando a actual lei é possível que a mulher que pensou em fazer um aborto, pelas mais variadas razões (egoístas, económicas, pressão social, emprego, etc), vá até a um hospital público dizer, sem receios de denúncia, o que pretende fazer e porque o pretende fazer. Desta forma a mulher não estará sozinha na sua decisão. Confrontada com outras pessoas (médicos, psicólogos, assistentes sociais) e falando do assunto abertamente poderá encontrar soluções alternativas, mudar de ideia, cair em si e ver que está a cometer um erro etc.
- Por outro lado, os médicos vão poder verificar se feto tem menos de 10 semanas (sendo clandestino sabe Deus o que é feito!)
Por isso, uma lei “pró-vida” é apenas aquela que, aproximando a mulher do SNS, permite diminuir o número de fetos mortos e o número de mulheres que correm risco de vida.
Assim, de uma forma resumida, o referendo vai por à prova a nossa noção de igualdade, democracia, limites de estado, saúde pública, solidariedade, respeito pela autonomia moral e responsabilidade. Resta saber se nós, povo português, estaremos à altura de prova tão exigente. Tenho esperança que SIM.
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